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O PSICOTROPICON é considerado “Quimiognose alquímica para alquimistas reponsáveis”
Navegar pelos estados de consciência é uma habilidade humana cuja prática vem se manifestando de distintas maneiras em diferentes culturas e épocas, desde os primórdios de nossa espécie. Stanislav Grof chama de “psiconautas” aquelas pessoas que buscam uma exploração sistemática dos estados não-ordinários de consciência, envolvendo também expressão artística, questionamentos científicos, filosóficos e espirituais. Ele assinala também que, de alguma forma, essas experiências serviriam não apenas para o próprio processo de cura e expansão, mas contribuiriam também para o desenvolvimento da nossa espécie e de toda a rede de vida na Terra.
Muitas alterações de consciência ocorrem de maneira espontânea no cotidiano, como o ciclo sono-vigília que passa por ao menos 4 estados de consciência a partir da leitura de Stanley Krippner ( vigília – hipnagógico – sono / sonho – hipnopômpico – vigília ) ; outras, como o transe e o estado meditativo, podem ser induzidas através de práticas farmacológicas e/ou não-farmacológicas. A psiconáutica aproxima diversas vertentes que praticam as chamadas “tecnologias do sagrado”, formas de canto, meditação, respiração, tambores, dança, substâncias psicoativas, entre outros elementos, utilizadas com a intenção de alterar a consciência.
Sidarta Ribeiro comparou, certa vez, que a psiconáutica é semelhante a um esporte radical, e que, como tal, envolve riscos, exige preparo e suporte adequados, principalmente se implica o uso de substâncias psicoativas. É preciso compreender que a experiência com qualquer psicotrópico é resultado de um tripé indissociável: set, setting e substância, onde set e setting dão as bordas para a experiência.
Utilizar a Alquimia como parte importante das bordas para a exploração da consciência com psicoativos é uma proposta bastante pertinente de Thiago Tamosauskas. Como aponta o autor em Principia Alchimica, a Alquimia é “uma metodologia (ou método?) empírica para a expansão intencional da consciência”, e neste sentido, fornece uma base bastante completa para observar sistematicamente o trabalho sobre as várias facetas de si mesmo, correspondentes aos metais menores e maiores: corpo, emoções, intelecto, vontade, autoconsciência, e ainda pode catalisar o desenvolvimento do que o autor nomeia como consciência mística e consciência cósmica.
Em “Psicotropicon”, Tamosauskas trata o tema do consumo de psicoativos voltado à expansão de consciência com a maturidade e a profundidade necessárias, sendo portanto uma contribuição valiosa para aquelas e aqueles que se debruçam sobre o auto-conhecimento e a auto-reflexão, esse chamado demasiadamente humano que alimenta o processo vital de nossa espécie.
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